Minerar Chia: saiba o que é a mineração de Chia, como funciona e se o seu SSD pode ser danificado neste processo

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A mineração de Chia está em alta, mas o procedimento exige muito cuidado para evitar problemas no seu hardware.

Já ouviu falar sobre minerar Chia? Esta é uma criptomoeda recente e que vem sendo bastante comentada neste universo com pouco mais de 11 anos, mas já movimenta mais de um trilhão de dólares – literalmente.

O Bitcoin é a criptomoeda mais conhecida, já que foi a pioneira neste universo. Ela foi criada em 2009 por Satoshi Nakamoto, pseudónimo que até hoje não teve a sua identidade revelada. De lá para cá, milhares de outras criptomoedas já foram criadas – conforme a Investopedia, eram mais de 4 mil em janeiro de 2021!

 

Inclusive, uma lista do siteAnalytics Insig, elaborada em 8 de junho de 2021, trouxe as 10 criptomoedas com maior capitalização de mercado. Somadas, elas representam nada menos que US$ 1,2 trilhão, montante maior que o PIB do México!

A Chia é uma criptomoeda que foi lançada em 2017 e tem um esquema de funcionamento diferente da maioria das criptomoedas, permitindo que pessoas com computadores comuns também consigam minerar (ou, como a Chia chama, “cultivar”) as suas moedas.

A grande questão é que isso pode prejudicar o SSD utilizado para o cultivo, especialmente quando usado de maneira inadequada. Logo, os prejuízos podem ser grandes, ao passo que os ganhos podem demorar a chegar.

Este conteúdo foi inspirado pela dúvida de um comentário no Instagram da Bot, feito por Thiago Zanella (@thezanella).

Inclusive, estendemos aqui o convite para nos acompanhar nas redes sociais e deixar suas dúvidas lá – elas podem ser abordadas nos nossos próximos conteúdos!

Já de início, gostaríamos de referenciar um artigo do site Tom’s Hardware, que foi de grande valia para a elaboração do nosso conteúdo.

Acompanhe a leitura para conhecer mais sobre esta criptomoeda mais sustentável, como funciona e de que forma os SSDs podem ser danificados.

O que é Chia criptomoeda?

A Chia é uma criptomoeda que foi lançada em 2017 por Bram Cohen, criador do famoso BitTorrent. Também conta com outros grandes nomes entre os executivos, como Gene Hoffman (fundador e ex-CEO do eMusic.com e do Vindicia) e Mitch Edwards (ex-CEO do Overstock.com).

A Chia Network construiu um blockchain (espécie de banco de dados em que as negociações de criptomoedas ficam gravadas) que, conforme a empresa, é uma plataforma de transações melhor, mais inteligente, descentralizada, eficiente e segura.

O foco da Chia foi ter uma criptomoeda mais sustentável, com menos implicações ambientais que os processos de mineração de outras moedas, os quais gastam uma quantidade significativa de energia elétrica.

A mineração de Chia (Chia Mining), chamada pela própria empresa de “cultivo” (Chia Farming), o que dá um ar ainda mais sustentável à criptomoeda, funciona por meio de um processo que exige bem menos energia elétrica, o qual é um pouco complexo, mas vamos tentar sintetizar aqui.

Basicamente, criptomoedas como Bitcoin e Ethereum recorrem a um processo chamado de “Proofs of Work” (ou provas de trabalho), sistema que requer esforços para impedir usos indevidos de recursos computacionais. Quando em grande escala, o consumo de energia é enorme.

A Chia, por sua vez, recorre a outro processo: o “Proofs of Space and Time” (ou provas de espaço e tempo), técnica de criptografia em que os provedores mostram que estão a alocar espaços inutilizados nos seus discos rígidos como espaço de armazenamento por um determinado período.

Por outras palavras, a Chia é uma criptomoeda cujo plantio exige menos energia elétrica que a mineração de outras criptomoedas, o que a torna uma opção mais sustentável e económica.

Outra diferença fundamental em relação às outras criptomoedas e plataformas de mineração é que a Chia não paga para que os utilizadores destinem placas de vídeo potentes para a realização de cálculos complexos, mas sim para que eles criem grandes ficheiros digitais e os deixem armazenados nos seus discos rígidos.

Além disso, Bram Cohen disse à CNN Business que a Chia foi feita para ser acessível. “Projetamos o nosso software com a intenção de ser utilizável por qualquer pessoa que possa usar a internet”, disse Cohen.

A proposta da Chia foi bem aceito no mercado. Conforme a Bloomberg, a Chia Network Inc., empresa responsável pela Chia, foi avaliada em cerca de US$ 500 milhões numa rodada de financiamento.

De facto, a Chia conta com investidores de renome, como Breyer Capital, Collab+Currency, Cygni Capital, DHVC, Naval Ravikant, Slow Ventures e True Ventures.

Como minerar Chia?

O “cultivo” de Chia é relativamente simples. A Chia Network tem uma plataforma de transação de blockchain própria chamada “Mainnet”, que pode ser “baixada” no site da Chia. Então, basta instalar o programa e separar uma quantidade de espaço do seu disco de armazenamento para a rede.

Diferente do que acontece com os mineradores de Bitcoin, por exemplo, a Chia não exige um hardware exclusivo: é possível deixar o programa a funcionar enquanto trabalha ou usa o seu dispositivo para jogar ou se divertir, por exemplo.

Este facto faz com que a Chia seja uma criptomoeda acessível. Cohen disse que muitas pessoas têm algum espaço não utilizado nos seus discos de armazenamento, o qual poderia ser alocado para o cultivo de Chia.

O processo é bem-parecido com o plantio, numa analogia que foi proposital por parte da Chia Network. Basicamente, os passos são os seguintes:

  • Limpar o campo.

Primeiro, é preciso apagar ficheiros não utilizados nos seus dispositivos de armazenamento para libertar espaço para o cultivo.

  • Arar e semear o campo.

Em seguida, é hora do processo de criação de ficheiros que, posteriormente, serão coletados como parte do cultivo, o qual é chamado de plotting. “Plot”, neste caso, pode ser traduzido como “terreno”.

  • Colher.

Depois de “plantados” os ficheiros, o utilizador precisa esperar até que as “mudas” cresçam, o que pode demorar um bom tempo.

Como ganhar a criptomoeda Chia?

A probabilidade de ganhar um bloco de Chia é equivalente à percentagem de espaço total que cada utilizador (chamado de fazendeiro, do inglês “farmer”) tem em comparação com toda a rede.

De acordo com o site Chia Explorer, no dia 10 de junho de 2021, data em que este conteúdo foi criado, o espaço total dedicado à rede de Chia, chamado de “netspace”, é de 21,093 EiB (Exbibytes). Para entender melhor, 1 EiB equivale ao seguinte:

  • 024 PIB (Pebibytes)
  • 152,92 PB (Petabytes)
  • 049e+6 TiB (Tebibytes)
  • 153e+6 TB (Terabytes)
  • 074e+9 GiB (Gibibytes)
  • 153e+9 GB (Gigabytes)

É um pouco difícil entender estes números, mas a conclusão é de que já existe um enorme volume de netspace na rede de Chia, o qual deve continuar a crescer com o passar do tempo.

De maneira simplificada, cada terreno de Chia equivale a algo como uma cartela de Bingo, só que mais complexa. A cada vez que um desafio de bloco surfe, a rede da Chia determina um vencedor baseado numa série de regras.

Se o seu terreno combina com essas regras e “ganha” o bloco, recebe a recompensa, que atualmente é de 2 XCH (abreviação da moeda Chia).

De acordo com o FAQ oficial da Chia, depois do pré-cultivo de Chia, as recompensas foram definidas em 64 blocos a cada 10 minutos. Ao longo dos primeiros 12 anos, as recompensas serão divididas pela metade ao final de cada 3º ano.

Do ano 13 em diante, as recompensas serão constantes: 4 Chia a cada 10 minutos.

Atualmente, são 32 blocos a cada 10 minutos, o que equivale a aproximadamente 4.608 blocos por dia ou 1 bloco a cada 18,75 segundos.

Como as hipóteses de ganhar um bloco de Chia são equivalentes ao volume de netspace disponível por cada fazendeiro, quanto mais espaço de armazenamento  dedicar, maiores são as possibilidades de ganhar.

É possível calcular as probabilidades manualmente, mas o mais prático é procurar por uma calculadora de Chia. No dia de criação deste conteúdo (10/06/2021), as probabilidades eram as seguintes para o respetivo número de plots:

  • 1 plot: mais de 132 anos
  • 10 plots: mais de 13 anos
  • 50 plots: mais de 2 anos
  • 100 plots: mais de 1 ano
  • 200 plots: 8 meses
  • 300 plots: 5 meses
  • 400 plots: 4 meses
  • 500 plots: 3 meses
  • 750 plots: 2 meses
  • 2000 plots: aproximadamente 1 mês

Parece simples, e de facto não é tão complexo. Porém, cada ficheiro tem em torno de 101,4 GiB (ou 108,87742 GB), ou seja, a exigência por espaço de armazenamento é grande.

Por outras palavras e arredondando um pouco, se tiver 10 TB disponíveis, deve levar mais de um ano para conseguir ganhar a recompensa por um bloco de Chia, equivalente a 2 XCH.

Conforme a cotação do dia 09/06/2021 no CoinMarketCap, 1 XCH abriu o dia valendo US$ 553,33 (ou R$ 2.786,67). Logo, 2 XCH seriam equivalentes a US$ 1.106,66 (ou R$ 5.573,34).

Além disso, lembramos que os períodos acima são apenas estimativas. Podemos traçar um paralelo com bilhetes de loteria: comprar mais bilhetes aumenta a probabilidade de ganhar, mas a vitória pode vir para quem tem apenas um bilhete – ou, no caso, um plot.

Qual a relação da mineração de Chia com os discos de armazenamento?

Como dissemos, o tamanho de cada ficheiro excede os 100 GB. Porém, o que entra na conta não é apenas o espaço em si, mas sim as características dos discos de armazenamento utilizado.

De acordo com o Tom’s Hardware, com o uso de um SSD Intel® Optane™ série 905P, que é muito rápido, cada plot de Chia k=32 leva em torno de 6 a 7 horas.

É possível plotar com um disco convencional, mas deve levar o dobro de tempo, além de não ser possível plotar vários terrenos em simultâneo, diferente do que acontece com os SSDs: com a configuração ideal, dá para fazer vários plots em simultâneo.

Depois que os plots são concluídos, os ficheiros podem ser transferidos para um disco convencional. Assim, aproveita o maior poder de processamento dos SSDs e o menor custo de armazenamento dos discos, otimizando os seus custos.

Porém, a questão aqui não se resume apenas ao tamanho final dos ficheiros, mas também no armazenamento temporário.

Supostamente, cada plot de 101,4 GiB demanda até 350 GiB (375,81 GB) de armazenamento temporário – embora o pessoal da Tom’s Hardware tenha conseguido, com um único plot por vez, usar SSDs de 260 GiB (pouco menos de 280 GB).

Conforme os testes deles, para SSDs rápidos, o fator limitante é a capacidade de armazenamento. Com um SSD de 2 TB (1,863 TiB), eles conseguiram plotar até 6 plots em simultâneo. Para mais que isso, é preciso ou um SSD com mais capacidade, ou mais SSDs.

Cada plot ainda precisa de 4GB de memória e dois núcleos na CPU do computador. Portanto, múltiplos plots exigem um computador mais potente.

A grande questão é que nem todos os SSDs são indicados para o cultivo de Chia. Os de uso doméstico, especialmente, são contraindicados, já que a sua durabilidade tende a ser bem pequena.

Bram Cohen fez uma thread no Twitter explicando melhor a questão. Se quer acompanhar, segue abaixo:

(Link do tweet: https://twitter.com/bramcohen/status/1393988621921701889 )

Algumas das principais informações que ele compartilhou são as seguintes:

  • Plotar com um disco antigo ou um SSD de classe empresarial não trará problemas ao dispositivo.
  • Minerar Chia com disco, até com o mesmo disco em que os terrenos ficarão, é um pouco mais lento (não muito mais que o dobro do tempo), mas funciona bem.
  • Não plote com SSDs para uso tradicional ou, pelo menos, plote só um pouco com cada SSD deste tipo.

Cohen ainda fez um paralelo interessante em seu último tweet. Veja só:

(Link: https://twitter.com/bramcohen/status/1393991791590838277 )

Traduzindo, ele disse o seguinte:

“Também não limpe panelas antiaderentes com lã de aço, não lave vegetais com sabão e não use o seu telefone como batente de porta. Estes não são argumentos contra a lã de aço, o sabão ou os telefones, são instruções básicas sobre usar as suas ferramentas adequadamente.”

De acordo com o site mydrivers, um SSD de 512GB supostamente duraria somente 40 dias até ultrapassar o seu limite de TBW (Terabytes Written, ou terabytes gravados). Um SSD de 1TB, por sua vez, duraria apenas 80 dias.

A informação foi compartilhada por veículos confiáveis, como o NotebookCheck, o que atesta a sua credibilidade.

Basicamente, o TBW diz respeito à quantidade total de dados gravados que o SSD pode ter na sua vida útil. Quando o valor é atingido, o dispositivo pode parar de funcionar e, assim, ter de ser substituído.

Logo, a mineração de Chia é uma alternativa para ganhar dinheiro (embora nem sempre seja algo de curto prazo, como vimos anteriormente). Porém, de facto, a mineração de Chia com SSD pode danificar o disco de armazenamento de maneira permanente.

É possível recuperar um SSD danificado por mineração de Chia?

Não. Quando o dispositivo tiver atingido o seu TBW, é muito difícil recuperá-lo, já que a recuperação é muito mais difícil do que acontece com discos danificados, por exemplo.

Pode parecer estranho pensar num SSD perdendo a sua utilidade por excesso de vida útil. Porém, minerar Chia é um uso muito mais intenso do que um utilizador comum utilizaria num SSD.

Por exemplo, a ficha técnica do SanDisk Ultra® 3D SSD mostra os seguintes dados de durabilidade dos dispositivos de acordo com sua capacidade:

  • 250 GB: 100 TBW
  • 500 GB: 200 TBW
  • 1 TB: 400 TBW
  • 2 TB: 500 TBW
  • 4 TB: 600 TBW

Na sua versão de menor capacidade (250GB), a marca garante que o dispositivo pode suportar até 100TB de escrita até que possa apresentar algum problema. Este é um volume de dados enorme, dificilmente atingido por um utilizador comum.

Portanto, se quer fazer a mineração de Chia, leve isso em consideração o tempo de vida útil do SSD para se planear em relação à durabilidade do seu equipamento de cultivo virtual.

Cabe ressaltar, portanto, que os SSDs e discos usados para a mineração de Chia não são voltados ao armazenamento de ficheiros, mas sim ao cultivo para posterior transferência para um disco. Por isso, em boa parte das vezes, não há muitos ficheiros pessoais perdidos.

Leia também: Como recuperar disco corrompido e o que pode corromper o disco?

Cultivo de Chia criptomoeda: se quiser fazer, planeie a sua infraestrutura!

A Chia está em alta entre as criptomoedas, com a sua empresa tendo sido avaliada em cerca de US$ 500 milhões, o que não é pouca coisa num universo com milhares de criptomoedas diferentes, como vimos no início deste conteúdo.

Quem aproveitar a onda ainda no início tem possibilidades de maiores ganhos, já que as recompensas por cada bloco diminuem com o passar do tempo. Por isso, se quiser ingressar nessa oportunidade mais sustentável e menos custosa que a mineração de Bitcoin, Ethereum e outras moedas, o momento é agora.

Infelizmente, SSDs usados para minerar Chia e que já tenham excedido o seu TBW raramente podem ser recuperados ou reparados para uso comum posterior. Porém, para qualquer outra situação, conte com a Bot para a recuperação de dados e tenha os melhores serviços à sua disposição!

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